#!vm;utf-8 $response.setStatus(301) ##moved permanently $response.sendRedirect("https://entretenimento.uol.com.br") Os verdadeiros vilões da Sexta-feira 13 - 13/06/2008 - UOL Jovem
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13/06/2008 - 15h47

Os verdadeiros vilões da Sexta-feira 13

OTÁVIO MOULIN
Colaboração para o UOL
Sexta-feira 13 é um dia que mexe com o consciente coletivo, com suas superstições, crenças e uma série de rituais que têm origens seculares. A Sexta-feira 13 também, nas últimas décadas, também ganhou força graças a seu significado no universo pop, com a escalada do sucesso dos filmes de terror e seus vários protagonistas infames.

Hoje, por exemplo, é o dia em que todo mundo se lembra de Jason Vorhees, o assassino serial que usa uma máscara de hóquei na série "Sexta-Feira 13", iniciada em 1980 pelo produtor e diretor Sean S. Cunningham. Filme, é bom lembrar, no qual Jason sequer aparece - ele só viria a aparecer com seu visual característico no terceiro filme, em 1982 - e foi criado apenas em cima de seu título.

Reprodução
Jason Vorhees, de "Sexta-Feira 13", o vilão mais pop do cinema de terror
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A PRAGA DO ZÉ DO CAIXÃO
Antes mesmo de ter um roteiro ou uma equipe, Cunningham achou que a marca "Sexta-Feira 13" era muito forte e colocou um anúncio em uma importante revista de negócios em busca de investidores . A estratégia deu certo e o filme foi um dos grandes sucessos daquele ano. Também foi primeiro do estilo a ser distribuído por grandes estúdios, no caso pela Warner nos mercados internacionais e através da Paramount nos EUA, que viria também a bancar as próximas sete continuações naquela década.

O êxito, no entanto, se deve mais ao faro para negócios de Cunningham do que para seu talento como cineasta. Ele conseguiu a fundamental ajuda de Tom Savini, mago dos efeitos de maquiagem, para criar cenas de morte tão violentas quanto realistas, e soube aproveitar um momento único pelo qual a indústria do entretenimento estava passando desde a década anterior.

Monstros clássicos
Até os anos 60, filmes de terror basicamente lidavam com monstros clássicos como "Drácula" e "Frankenstein" ou algumas de suas variações ligadas à ficção científica e literatura de fantasia. Eram criaturas que assustavam pois lidavam com medos fundamentais do ser humano, como a possibilidade de ficar desfigurado ou viver à margem da sociedade, normalmente em histórias se passadas em períodos históricos, longe da realidade contemporânea.

A década de 70 mudou esta relação quando grandes cinemas antigos começaram a ficar sucateados e, para manter a clientela, passaram a exibir sessões duplas ou até mesmo triplas com o preço de um só ingresso. Era uma prática que já existia desde os anos 60, mas se intensificou naquela época quando houve uma invasão de filmes estrangeiros, mais baratos, como fitas de kung-fu chinesas, faroestes italianos e romances franceses - fenômeno que também aconteceu no Brasil. Estes cinemas passaram a ser apelidados de "Grindhouses" e, aos poucos, o conteúdo dos filmes exibidos se tornou cada vez mais sensacionalista para atrair mais público, apelando para violência e sexo, os chamados "exploitation films".

Em 1974, um filme americano que soube aproveitar tal sensacionalismo foi "O Massacre da Serra Elétrica". Embora seu roteiro tenha se inspirado em alguns elementos da vida do assassino real norte-americano Ed Gein, que tirava a pele de suas vítimas para fazer máscaras e outros objetos, o filme de Tobe Hooper foi vendido para o público como uma obra totalmente baseada em fatos reais. A idéia de ver um assassino apelidado de "Leatherface" (algo como "Cara de Couro") esquartejando jovens indefesos no interior dos EUA gerou tamanha polêmica e comoção que transformou o modesto filme no maior sucesso independente da história até então.

O filme de Hooper foi fundamental para trazer o horror dos livros de história para tempos atuais, mas o grande marco ocorreu em 1978, quando John Carpenter colocou o terror dentro dos lares da classe média americana com seu "Halloween - Noite de Terror". Diferente de grandes sucessos como "A Profecia" ou "O Exorcista", filmes que lidavam com forças sobrenaturais intangíveis, o filme de Carpenter mostrou um assassino criado nos subúrbios, que usava uma máscara branca inexpressiva e tentava matar a própria irmã adolescente, que trabalhava como babá - atividade simbólica e tradicional nos valores norte-americanos.

Assim como "O Massacre da Serra Elétrica" antes, "Halloween" bateu recordes de bilheteria e se tornou, naquele momento, o filme independente mais lucrativo da história. Foi a base que Cunningham usou para estruturar o roteiro de seu "Sexta-Feira 13" - que aliás, não era de todo original, e pegava emprestado elementos de filmes como "Psicose", de Alfred Hitchcock, "O Pássaro das Plumas de Cristal", de Dario Argento, e "Noite do Terror", de Bob Clark - e se focou, principalmente, em mostrar os jovens morrendo de formas cada vez mais brutais.

Imitadores
Logo uma série de imitadores tentou seguir o rastro da cria de Cunningham, em uma longa seqüência de filmes temáticos como "Dia dos Namorados Macabro", "Feliz Aniversário para Mim" e "Natal Sangrento". Mas nenhum deles conseguiu criar algum apelo maior no imaginário pop ou mesmo uma figura tão marcante quanto a do assassino Jason, que substituiu a própria mãe como assassino nos filmes. O personagem tão ou mais popular do que sua própria série, estampando uma série de produtos, como camisetas e canecas, algo que não era comum na época, mas que ganhava força com o pacote econômico do governo Reagan e a popularização do videocassete.

Logo se viu que o visual do vilão também contava pontos com o público, que também estava ficando cansado de ver sempre um assassino arrastando vagarosamente um machado atrás de um bando de jovens promíscuos. E logo surgiram maníacos bem mais criativos e igualmente carismáticos como Freddy Krueger, de "A Hora do Pesadelo", em 1984, e em 1988 o boneco Chucky, de "Brinquedo Assassino", e o ser infernal Pinhead, de "Hellraiser - Renascido do Inferno", já misturando elementos fantásticos que antes eram evitados, mas que agora estavam sendo usados no esquema do vale-tudo. A New Line Cinema, por exemplo, que viria a ganhar os holofotes produzindo a trilogia "O Senhor dos Anéis" 20 anos depois, só conseguiu projeção mundial quando obteve sucesso com Krueger, já que antes basicamente só produzia filmes de exploitation.

No início da década de 90, praticamente todos estes grandes personagens já haviam aparecido em inúmeros filmes, que perdiam bilheteria gradativamente e o mercado já mostrava sinais de saturação. Por alguns anos houve uma falta de filmes de terror nas telas até que Wes Craven, criador de Freddy Krueger, ressuscitou o gênero com "Pânico", em 1996, de uma maneira pouco usual, em um misto de homenagem e paródia. Mas foi o suficiente para trazer de volta Michael Myers, Chucky e até mesmo Freddy e Jason em um combate apresentado em "Freddy Vs. Jason", de 2003 - mostrando que, assim como as sextas-feiras 13 são recorrentes, seus retornos também são inevitáveis.

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