#!vm;utf-8 $response.setStatus(301) ##moved permanently $response.sendRedirect("https://entretenimento.uol.com.br") Para Pedro Vieira, "amadurecer sendo nerd é perfeitamente possível" - 21/08/2008 - UOL Jovem
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21/08/2008 - 19h58

Para Pedro Vieira, "amadurecer sendo nerd é perfeitamente possível"

HELOÍSA DALL'ANTONIA
Da Redação
Lucas é um cara comum que podia muito bem estar na sua classe. Ele acabou a faculdade, não sabe o que quer de verdade da vida e está cansado das cobranças dos pais e da namorada, Monique. O detalhe é que o protagonista do divertidíssimo livro "Nerdquest", do carioca Pedro Vieira, como se pode supor pelo título, é nerd. E entre batalhas jogando RPG com os amigos e levantando brindes para os Vingadores (personagens da Marvel), o garoto precisa encarar os desafios reais do mundo adulto.

Em entrevista ao UOL Jovem, o autor conta como se inspirou para colocar no papel as angústias da geração que foi criada na era digital e comenta que é completamente possível "ser um adulto responsável e consciente, jogando RPG de vez em quando e lendo os quadrinhos da Marvel".


UOL JOVEM - Como surgiu a idéia de escrever a trama?

PEDRO VIEIRA - Bom, a trama tem alguns elementos bastante autobiográficos (eu me formei em Desenho Industrial na UFRJ, por exemplo), mas a maioria dos elementos são efetivamente ficcionais. Surgiu como um esboço de um roteiro para um curta ou uma HQ (o que até fica meio evidente, pela quantidade de capítulos onde os diálogos conduzem a trama), e só depois que começou a ser "pensado" como livro. Enquanto o livro/roteiro se desenvolvia, a idéia era tentar escrever algo com o que eu me identificasse, não fiquei naquela paranóia de me preocupar se seria acessível para "geral". Por isso o abuso nas referências, afinal, como acontece com todo nerd, a subcultura pop é parte integrante (e indiscutivelmente importante) da minha vida (risos).

Aliás, às vezes eu mesmo me policiava, quando percebia que estava passando dos limites, tipo "putz, assim não dá, só eu e mais três pessoas vamos entender uma piada sobre Sealab 2021", aí eu meio que segurava a onda. Afinal, o dilema do personagem, por si só, já é extremamente nerd, as referências vêm pra dar credibilidade àquele mundo em que o Lucas e seus amigos vivem.


UOL JOVEM - A história de amor da Monique e do Lucas não é exatamente comum - ela é descrita como sendo o completo oposto de tudo o que ele gosta. Você acha que esse namoro conseguiria durar?

PEDRO VIEIRA - Acho que o namoro entre os personagens (ou entre os estereótipos nerd e anti-nerd), de modo algum iria durar muito. Os homens nerds dão muito valor quando encontram uma mulher com a qual se identificam, tipo que entenda as sua piadas sobre Monty Python e não torça o nariz sempre que o namorado chegar com um filme de zumbis novo ou tiver gastado uma fortuna obscena naquele encadernado do Sandman. Por isso eu acho que "agarrar" um nerd de vez mesmo, só outra nerd. Ou a Scarlett Johansson (risos).

UOL JOVEM - Você se considera nerd? Dá pra crescer sendo nerd?

PEDRO VIEIRA - Bom, se disser que não sou nerd, vou ser linchado até a morte no próximo encontro de fãs de "Babylon 5" (risos). Bom, sou nerd desde que me entendo como gente, mesmo que não soubesse. Óbvio que crescer sendo nerd são outros quinhentos, como esse hype todo de "orgulho nerd" é novidade, hoje em dia é bem mais fácil. E amadurecer sendo nerd também é perfeitamente possível, por mais dilemas que o nerd enfrente (já que essa história de amadurecer é completamente relativa), ele pode ser um adulto responsável e consciente, jogando RPG de vez em quando e lendo os quadrinhos da Marvel, claro.

UOL JOVEM - Como você define a expressão 'nerd'? Ela rotula negativamente as pessoas?

PEDRO VIEIRA - O nerd geralmente tem um interesse fora do "usual" pela cultura-pop-safada-descartável-alternativa, seja por cinema, HQs, música, séries ou etc. Enquanto o average guy assiste Lost, o nerd vai assistir, discutir com os amigos, procurar outras séries dos mesmos produtores e tentar descobrir quais foram os episódios que o Brian K. Vaughan escreveu, porque simplesmente não pode deixar de ver, por exemplo.

Quanto ao rótulo, é verdade que, especialmente para os não nerds, ele tem sua carga negativa. Porque, teoricamente, o conceito de nerd é novo, os nerds ainda são "desvios" no comportamento padrão - queiramos ou não, nem todo mundo está arrancando os cabelos porque Futurama foi cancelado, por exemplo. Mas isso está mudando, as gerações atuais de nerds estão cada vez mais integradas e, o que é mais significativo, as gerações "pioneiras' estão envelhecendo e tendo filhos e mostrando que o nerd não é o estereótipo americano do cara gordo e desempregado que mora no porão da casa da mãe, com suas caixas de quadrinhos dos X-Men e jogando World of Warcraft.

UOL JOVEM - A temática "nerd" tem ficado mais comum nos últimos tempos (com filmes como "Superbad" e séries como "Greek", por exemplo). Como você vê isso?

PEDRO VIEIRA - Acho que finalmente a indústria do entretenimento está percebendo que uma bela parte de seu público consumidor "que importa" é nerd. E quando digo "que importa", eu quero dizer: que acompanha séries assiduamente, que compra merchandise, DVDs, e que, principalmente, tem um potencial de propaganda boca-a-boca estupidamente grande, especialmente desde o advento dessa tal internet. É muito difícil um seriado, ao cair nas graças do público nerd, não se tornar, pelo menos "cult".

UOL JOVEM - Veremos o Lucas e seus amigos em outros livros?

PEDRO VIEIRA - Talvez. É meio cedo pra dizer. Mas é óbvio que a história deles ainda não terminou. Veremos (risos).

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